PANCETTI: O PINTOR MARINHEIRO QUE PASSOU POR SAQUAREMA
“Saquarema, dormindo, sonhando entre a calma lagoa e a fúria do mar”. Pancetti
Terrenos à beira-mar, praia. As marinhas pintadas, o retrato à pincel dos mares do litoral brasileiro, suas águas por vezes calmas e por muitas vezes furiosas, seus intensos tons de azul, suas areias vezes claras, vezes escuras. As marinhas estavam lá, em diversos cantos do brasil. Pancetti as pintou, óleo sobre tela, homem frente ao mar.
Segundo Antônio Bento, “Pancetti simplifica o mais que pode as suas marinhas. Reduz as cores a duas ou três tonalidades, com as quais joga com segurança magistral. Seu espírito de síntese torna-se, então, de um grande refinamento e, ao mesmo tempo, de uma rara pureza na pintura moderna brasileira".
Saquarema sempre foi berço de inspiração para muitos artistas, mas um deles retratou as marinhas saquaremenses de forma magnifica.
Marinheiro, pintor e poeta Guiseppe Gianinni Pancetti, mais conhecido como José Pancetti nasceu em Campinas- SP em 18 de junho de 1902. Em 1922, alista-se na Marinha de Guerra brasileira, onde permanece até ser reformado, em 1946, no posto de 2º Tenente. Em 1925, servindo no encouraçado Minas Gerais, pinta suas primeiras obras. Foi um pintor modernista brasileiro, sendo considerado um dos grandes paisagistas da pintura nacional, destacando-se por suas numerosas e belas marinhas. As marinhas são a face mais conhecida de sua produção, nelas se refletem a experiência de marinheiro e o amor pelos diversos recantos do litoral:
Pancetti passou por Saquarema entre os anos de 1955 e 1956, onde pintou diversas marinhas. A primeira tela pintada por Pancetti em Saquarema, leva em seu verso a frase: “Saquarema, 23/09/1955 - Primeiro trabalho do local”.
Era costume do Pintor escrever pequenos poemas no verso de suas telas, em uma delas o Pancetti assim escreveu:
“Saquarema, poema distante como a saudade de alguém que há de voltar.
Saquarema, dormindo, sonhando entre a calma lagoa e a fúria do mar"
Além de Saquarema, eternizada nas obras do pintor marinheiro, outras cidades da Costa do Sol também formam pintadas por ele, como Cabo Frio e Arraial do Cabo.
Sua obra é composta por paisagens, retratos, autorretratos, naturezas-mortas e marinhas. As marinhas são as pinturas mais conhecidas. Inicialmente elaboradas de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos, sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar.
Pintar paisagens não é simplesmente replicar o que conhecemos como realidade, dia a dia. Refere-se à um exercício atento e sensível do olhar. Somente quem desenvolve a habilidade de interpretar o que vê, pode mergulhar na imensidão que é a arte de maneira diferenciada.
E seguimos nos dias de hoje, dormindo e sonhando entre a calmaria da lagoa, e a fúria do mar de Saquarema.