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José Bandeira: o poeta e pescador de Saquarema

  • Foto do escritor: Caio Silva
    Caio Silva
  • 29 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

Foto: Nilton Gibão

Saquarema é uma cidade que tem uma forte ligação com o mar e com a pesca. Muitos de seus habitantes vivem dessa atividade, enfrentando os desafios e as belezas da natureza. Um deles foi José Bandeira, um poeta e pescador que expressou em versos a sua experiência e a sua paixão pelo ofício. Neste artigo, vamos conhecer um pouco da história desse poeta, através da sua escrita. Vamos apreciar um de seus poemas, intitulado “O Pescador”.

Nesse poema, ele descreve as dificuldades, as alegrias e as esperanças de quem vive do mar. É uma homenagem aos pescadores de Saquarema e de todo o Brasil, que fazem da pesca o seu ganha pão. Viva o Poeta José Bandeira! Viva a Cultura Popular!


PESCADOR

José Bandeira


Pescador que remando o teu barquinho

Enfrenta a fúria de um mar sem fim

Acompanhado ou mesmo sozinho

Sempre lutando leva a vida assim


Não teme as brumas nem as tempestades

De fortes chuvas, mesmo de tufão

Ou velho ou moço, de qualquer idade

Enfrenta afoito para ganhar o pão


Com a bonança ele sai cantando

Não sabe a hora do feliz regresso

Deixa a família por ele rezando

Ao Rei Supremo de todo Universo


O vento sopra, ele singra a vela

No seu barquinho sempre a viajar

No ponto certo ele baixa ela

E novamente começa a remar


Atira as redes ou então as linhas

Peixes incautos começam a cair

Xaréus, Anchovas ou mesmo Tainhas

E outros mais que venham surgir


Pescador, eu também fui bem sofrido

Já passei, como tu os dissabores

Muitas vezes na neblina andei perdido

Juntamente com os outros pescadores


Noites mais noites passei acordado

Desempenhando a penosa lida

E muitas vezes mal recompensado

Mas são passagens do correr da vida


Mas tinha fases que recompensava

A vida árdua de um pescador

Peixes caíam, dinheiro sobrava

Glorificando as fases de horror


As noitadas de vigília que passei

Em um banco frio de frágil canoa

Ou mesmo à vau, de todo o jeito já nem sei

Mas eu achava aquela vida muito boa


Hoje eu sigo uma outra profissão

Com o mesmo afeto, com o mesmo amor

Onde eu arranjo o meu sagrado pão

Mas te bendigo, querido PESCADOR!


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Livro: O Poeta e as Musas - obra póstuma de José Bandeira. Ilustração de Nelson dos Santos. Pesquisa: Páginas História de Saquarema/Caio Silva.




 
 
 

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