FESTÁ, PALAVRA CAIÇARA, SEUS DIALETOS E EXPRESSÕES.
A cultura caiçara é um mundo paralelo de valores, tradições, saberes e fazeres.
Além de um ritmo de vida peculiar, a comunidade caiçara também possui um vocabulário específico.
Um falar calmo, cadenciado, acentuadamente cantado e carregado de ironia, com expr4essões e colocações peculiares.
Tenho memórias afetivas desse “mundo paralelo” algumas palavras, trejeitos que vivenciei em minha infância, na década de 80 e que carrego comigo até hoje, e outras que só fazem sentindo no contexto família. Infelizmente nossas crianças e jovens atuais quase não tem contato e nem se veem nesse universo da cultura caiçara.
A dinâmica da nossa língua e a desvalorização da cultura caiçara vem agindo com força brutal no desaparecimento desses verbetes e poucos deles fazem parte de seu linguajar cotidiano do nosso município.
Com um olhar mais atento e recorrendo à formas de pesquisa, podemos resgatar “novos antigos” linguajares e incorporá-los ao cotidiano, não deixando esse patrimônio se perder ao tempo.
E essa a principal importância de trazer materiais da cultura local para a educação escolar. A maioria das crianças que estão na rede municipal local não tem conhecimento dessa cultura. Esse é um patrimônio que vem do século passado, um universo que está muito longe delas. É importantíssimo que essas crianças e jovens conheçam o histórico cultural da cidade em que vivem. É essencial que conheçam a cultura local até para criarem um vínculo afetivo com esse território onde estão vivendo.
Algumas palavras e expressões são utilizadas até hoje, sem o conhecimento da sua origem caiçara. Confira algumas expressões:
Andeja – Pessoa que gosta de andar, bater perna
Arapuca – Armadilha feita com madeira trançada
Arataca – Armadilha para caçar
Aratucum – O mesmo que urucu
Árvore do dia – Os primeiros raios da manhã
Azul Marinho – Peixe ensopado com banana verdolenga (sopa de peixe)
Cerco – Armadilha na costeira para aprisionar peixes
Cisqueiro – local onde se deposita o lixo
Balaio de preparo – Cesto com os apetrechos de pesca
Bodoque – Instrumento para caçar, arco de madeira (pequeá), com dois fios e uma redinha no centro onde se coloca a pedra
Barrear a casa – Ação de colocar a massa de barro no pau a pique
Cragoatá – Bromélia
Criera – Sobra da mandioca cevada que é dado as criações
Daça de barriga – dor de barriga
Espinhel – Corda com vários anzóis para pesca de cação
Goroçá – Maria farinha, pequeno caranguejo da praia
Griteiro – Falatório, briga
Lagamar – Local onde a onda quebra na praia
Lambedor – Xarope com ervas para a gripe
Nó na barriga – Dor de barriga
Oquá: sinal de espanto, admiração, dúvida
Ordenado: salário
Picaré: espécie de rede de resca (arrasto)
Pipoca de galinha: doença que dá na cara da galinha como verruga
Picuí – Pedaço pequeno que sobra do peixe ou carne, misturado com farinha
Picumã – Fuligem pendente dos tetos das cozinhas que tem fogão de lenha
Pixé – Farinha de milho torrado
Quarar: colocar a roupa ao sol para clarear
Quebrante: mau olhado
Quenem: igual
Rodete – Roda de madeira com chapa (ralo) para ralar a mandioca para fazer farinha
Roupa velha – Mexido com sobra de comida
Sambucá – Limpar o marisco
Sola - Massa de goma de farinha de mandioca
Solina – Sol forte do verão
Taioba: espécie de folhagem que nasce no mato e se come refogada
Taóca: formiga
Tapera – casa de pau a pique
Taquara: bambu
Tarrafa: espécie de rede de pesca
Terreiro: quintal
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Colunista: Luciene Santos | @luhsantos.oficial
Foto: INTERNET
Criativo: @rjsaquarema
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