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Foto do escritorLuciene Santos

FESTÁ, PALAVRA CAIÇARA, SEUS DIALETOS E EXPRESSÕES.



A cultura caiçara é um mundo paralelo de valores, tradições, saberes e fazeres.

Além de um ritmo de vida peculiar, a comunidade caiçara também possui um vocabulário específico.

Um falar calmo, cadenciado, acentuadamente cantado e carregado de ironia, com expr4essões e colocações peculiares.


Tenho memórias afetivas desse “mundo paralelo” algumas palavras, trejeitos que vivenciei em minha infância, na década de 80 e que carrego comigo até hoje, e outras que só fazem sentindo no contexto família. Infelizmente nossas crianças e jovens atuais quase não tem contato e nem se veem nesse universo da cultura caiçara.


A dinâmica da nossa língua e a desvalorização da cultura caiçara vem agindo com força brutal no desaparecimento desses verbetes e poucos deles fazem parte de seu linguajar cotidiano do nosso município.


Com um olhar mais atento e recorrendo à formas de pesquisa, podemos resgatar “novos antigos” linguajares e incorporá-los ao cotidiano, não deixando esse patrimônio se perder ao tempo.

E essa a principal importância de trazer materiais da cultura local para a educação escolar. A maioria das crianças que estão na rede municipal local não tem conhecimento dessa cultura. Esse é um patrimônio que vem do século passado, um universo que está muito longe delas. É importantíssimo que essas crianças e jovens conheçam o histórico cultural da cidade em que vivem. É essencial que conheçam a cultura local até para criarem um vínculo afetivo com esse território onde estão vivendo.


Algumas palavras e expressões são utilizadas até hoje, sem o conhecimento da sua origem caiçara. Confira algumas expressões:


  • Andeja – Pessoa que gosta de andar, bater perna

  • Arapuca – Armadilha feita com madeira trançada

  • Arataca – Armadilha para caçar

  • Aratucum – O mesmo que urucu

  • Árvore do dia – Os primeiros raios da manhã

  • Azul Marinho – Peixe ensopado com banana verdolenga (sopa de peixe)

  • Cerco – Armadilha na costeira para aprisionar peixes

  • Cisqueiro – local onde se deposita o lixo

  • Balaio de preparo – Cesto com os apetrechos de pesca

  • Bodoque – Instrumento para caçar, arco de madeira (pequeá), com dois fios e uma redinha no centro onde se coloca a pedra

  • Barrear a casa – Ação de colocar a massa de barro no pau a pique

  • Cragoatá – Bromélia

  • Criera – Sobra da mandioca cevada que é dado as criações

  • Daça de barriga – dor de barriga

  • Espinhel – Corda com vários anzóis para pesca de cação

  • Goroçá – Maria farinha, pequeno caranguejo da praia

  • Griteiro – Falatório, briga

  • Lagamar – Local onde a onda quebra na praia

  • Lambedor – Xarope com ervas para a gripe

  • Nó na barriga – Dor de barriga

  • Oquá: sinal de espanto, admiração, dúvida

  • Ordenado: salário

  • Picaré: espécie de rede de resca (arrasto)

  • Pipoca de galinha: doença que dá na cara da galinha como verruga

  • Picuí – Pedaço pequeno que sobra do peixe ou carne, misturado com farinha

  • Picumã – Fuligem pendente dos tetos das cozinhas que tem fogão de lenha

  • Pixé – Farinha de milho torrado

  • Quarar: colocar a roupa ao sol para clarear

  • Quebrante: mau olhado

  • Quenem: igual

  • Rodete – Roda de madeira com chapa (ralo) para ralar a mandioca para fazer farinha

  • Roupa velha – Mexido com sobra de comida

  • Sambucá – Limpar o marisco

  • Sola - Massa de goma de farinha de mandioca

  • Solina – Sol forte do verão

  • Taioba: espécie de folhagem que nasce no mato e se come refogada

  • Taóca: formiga

  • Tapera – casa de pau a pique

  • Taquara: bambu

  • Tarrafa: espécie de rede de pesca

  • Terreiro: quintal

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Colunista: Luciene Santos | @luhsantos.oficial


Foto: INTERNET

Criativo: @rjsaquarema


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